Abaixo dois artigos do Arcebispo da Paraíba Dom Aldo di Cillo Pagotto escrito para o Jornal da Paraíba.
PME: non possumus:
Na esfera do território nacional, os
5.570 municípios deverão aprovar seus Planos Municipais de Educação
(PMEs) de acordo como o Plano Nacional de Educação (PNE 2015-2025),
instituído pela Lei 13.005/2014. O PNE votado no Congresso Nacional e já
sancionado pela Presidente da República em 2014 resulta de debates
democráticos e participativos por parte de várias lideranças,
interessadas na promoção da qualidade da Educação no País. A discussão
dos PMEs deve seguir a orientação do PNE. Ora, a expressão “igualdade de
gênero” foi retirada por ampla rejeição na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal.
Entretanto, grupos de pressão insistem em aprovar tal
expressão nos PMEs. Por “igualdade de gênero” entende-se a construção
plural do próprio sexo. Nega-se o caráter biológico, atribuindo a isso a
pecha de fator cultural. Defendem que cada qual construa sua
identidade. As propostas dos que defendem a igualdade de gênero nada
mais são do que induções de crianças e de adolescentes às práticas que
relativizam a diferença sexual natural. Com isso se desconstroi e se
compromete a identidade masculina e feminina.
Com efeito, a ideologia de gênero
subverte o fundamento da família que procede da união entre homem e
mulher, tendo em vista a geração e a educação dos filhos. A ideologia de
gênero pretende que a união entre pessoas do mesmo sexo iguale-se e
seja reconhecida como “família”. A família é base fundamental e
organizativa da sociedade humana! A ideologia de gênero pretende impor
um sistema contrário à lei da natureza, negando ou reduzindo seu
fundamento antropológico, humanístico. A dimensão humana está alicerçada
na biologia e nas estruturas dos seres humanos. As dimensões
científicas e antropológicas são irreformáveis e antecedem às questões
culturais e religiosas.
Os representantes da Igreja Católica e
demais Igrejas cristãs sentem-se na obrigação de defender a vida e
promovê-la na família. Confessamos Cristo, revelador do Pai, que dá
sentido à vida, à família e à sociedade humana. A maior missão que o
Senhor outorga aos seus filhos e filhas é a graça de gerar uma vida,
provinda da união do homem e da mulher que se amam e que formam uma
família! Daí nasce o direito inalienável dos pais educarem e formarem
seus próprios filhos. Os pais não aceitariam que na escola os seus
filhos sofressem a imposição de práticas contrárias às leis da natureza e
à educação que recebem em casa! Não aceitamos que se imponha nos PMEs
práticas oriundas de ideologia duvidosa, cujas consequências seriam
imprevisíveis.
Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Aberração:
Lideranças interessadas na
qualificação da Educação debateram as Diretrizes, Metas, Estratégias dos
Planos Estaduais e Municipais de Educação 2015-2025, baseada na Lei
13.005/2014. O Plano Nacional de Educação 2014-2024 trazia ambiguidades
referentes à expressão “igualdade de gênero”. Ao arrepio da lei natural e
da lei divina confunde-se a identidade do homem e da mulher, ora
reduzindo à orientação sexual, à livre escolha subjetiva. Confunde-se
atração e prazer sexual com orientação ou opção por gênero, construído à
livre escolha.
Eu construo o gênero que eu quero e mudo quando quiser. É
uma aberração negar a ordem biológica natural, afirmando que ninguém
nasce homem ou mulher e que cada um constrói o gênero que mais lhe
convier. Ativistas da ideologia de gênero querem impor isso nas escolas,
a partir dos três anos de idade! A estratégia N. 12.6 diz: “garantir
condições institucionais para o debate e a promoção da diversidade
étnico-racial, de gênero, de diversidade sexual e religiosa, por meio de
políticas pedagógicas e de gestão específicas para esse fim”.
Na realidade, o que se pretende é
descontruir a família natural, constituída de pai, mãe e filhos. A
ideologia de gênero provoca modificações legais que ferem gravemente a
dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e à identidade da
família (cf. Documento de Aparecida, N. 40). A ideologia de gênero nega a
natureza pré-constituída do homem e da mulher. A natureza corpórea não
seria dada como realidade da criação, fato pré-constituído, e sim uma
criação subjetiva. Não havendo homem e mulher como realidade
pré-estabelecida pela criação, a família deixa de existir! O filho, de
sujeito jurídico e com direito próprio, passa a ser objeto de um direito
que se pode adquirir. Ora, a vida do ser humano depende da promoção da
vida e da família.
A dignidade do homem dissolve-se onde Deus, autor da
vida, é negado. Diz Bento XVI que quem defende Deus defende o homem.
Francisco diz que a educação não pode ser neutra, porque ou enriquece ou
empobrece. A escola educa para o que é verdadeiro, para o bem comum e
para o que é belo. No entanto, ativistas ideologizados produzem
“materiais didáticos” a serem distribuídos nas escolas para desorientar
nossas crianças. Nossos filhos não seriam meninos ou meninas, mas
inventariam outro gênero qualquer. Que os pais e mestres não aceitem
isso, antes que se oponham à aberração. Se aprovadas tais leis, os pais
seriam criminalizados caso seus filhos recusem-se a assistir às “aulas
de gênero”. Isso já aconteceu em países da América e da Europa. Há gente
patrocinando o movimento e muita grana rolando solta. A quem interessa?
Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Fonte: PASCOM
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